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sábado, 27 de agosto de 2011

Talvez amanhã...


Talvez amanhã o inverno se vá...a primavera regresse ao meu peito...a noite escura se faça enfim madrugada...talvez amanhã a claridade seja o regaço onde acorde...entre a terra e o céu...à beira do abismo...talvez encontre uma razão para sorrir...num voo breve encontre na noite um resto de sol...o luar me acaricie o rosto...e o meu olhar silencioso embale o meu sonho...a ilusão percorra o meu corpo sem deixar o gosto amargo do fel...a minha boca transforme o grito num doce e terno murmurar...talvez amanhã o silêncio do vento me cante uma melodia de amor...a dor perdida no passado seja apenas o eco de uma memória.
Talvez amanhã me consiga despedir do último sonho...da última ilusão...das últimas palavras que me ferem...sepultar a última lágrima e partir de mim em silêncio...levando a derradeira dor...e esta sensação de cansaço...apenas uma passagem...bebendo um tempo vazio...num livro que se fecha...folheado vezes sem conta...abandonado num caminho sem fim...onde não me encontro comigo...sou apenas o meu reflexo num espelho embaciado...onde vejo uma triste imagem que desconheço...uma porta que se fecha...espaço que medeia entre o infinito e a eternidade...onde já não há palavras...apenas silêncio.
Talvez amanhã consiga esquecer...apenas esquecer...plantar flores na aridez do deserto que me tem...esquecer nomes...descançar as mãos...rasgar as palavras...desprender os nós que estão presos nos meus dedos...largar as correntes...regressar a mim como quem volta ao regaço da infância...aos sorrisos dourados...aos meus olhos de madrugada...à minha pele de Maio...ao meu espelho de Agosto...e entrelaçar no meu olhar uma noite de luar...abrir a porta ao tempo...derrubar o muro...soltar as amarras e olhar em frente para não cair no abismo...tatear com passos firmes as pedras do meu caminho...talvez amanhã...volte enfim a ser dia.


RosaSolidão

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Horas mortas da madrugada...


É nas horas mortas da madrugada...que uma lágrima cai
Que o vento beija o meu corpo...que uma pétala morre
Que a noite anúncia a penumbra...onde o sonho se esvai
É nas horas mortas da madrugada...que a dor me percorre

É nas horas mortas da madrugada...que meu corpo voa errante
Que arde e sangra...ecoando acordes insanos...rasgando a noite
Chorando a vida...nas asas negras do vento...num grito lacinante
É nas horas mortas da madrugada...que vejo a sombra da morte

É nas horas mortas da madrugada...que me desfaço em pedaços
Que me escrevo e reescrevo...me rasgo...que me viro do avesso
Que sou um mar agitado...que danço uma valsa nos meus braços
É nas horas mortas da madrugada...que te lembro e me esqueço

É nas horas mortas da madrugada...que guardo a noite no peito
Que a minha alma se perde...se desnuda se sepulta...se entrega
Que é saudade e ternura...que os fantasmas se deitam no meu leito
É nas horas mortas da madrugada...que o vento me prende e leva

É nas horas mortas da madrugada...que a ausência sangra no corpo
Que se embriaga de desejo...que o desengano o veste de ilusão
Que se esquece...envelhece e anoitece...apagando a vida num sopro
É nas horas mortas da madrugada...que vejo a sombra da paixão

É nas horas mortas da madrugada...que sou o silêncio duma prece
Que as minhas mãos vazias te prendem...a minha alma te abraça
Que os meus olhos têm a cor da noite...a noite que não amanhece
É nas horas mortas da madrugada...que a dor em mim se enlaça

RosaSolidão

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Eu...não sou eu



Eu...não sou eu...sou uma luta constante entre o corpo e a razão
Uma alma insaciada...ave livre nos céus...anjo negro no limbo
Sou a morfina escorrendo dos dedos...sou o sangue da paixão
Sou a seiva do verso...boca sorvendo o veneno...fundo abismo

Eu...não sou eu...sou um poema sem rima...um verso profano
Lambo as feridas...entrego-me ao vento...banho-me na lama
Sou o eco de mim...vagando errante...resto de um amor insano
Lanço-me no espaço...voo em silêncio...qual fenix em chama

Eu...não sou eu...sou rio sem margem que transbordou do leito
Sou o trovão que anuncia a tempestade...o desejo...a maresia
Sou um corpo que não é meu...esvaziado de vida...desfeito
Sou a mão da desilusão...negro verso envolto em nostalgia

Eu...não sou eu...sou a insana procura...brisa e mar bravio
Busco a luz e envolvo-me na escuridão...sou a noite e o dia
Não nasci e não morri...passei com pressa...estagnei no vazio
Esquecida entre as pedras...percorri os caminhos da fantasia

Eu...não sou eu...sou um corpo cansado...levado pela enxurrada
Vazio de vida e prenhe de dor...entre as folhas mortas...anoitecido
Envolto em silêncio...no limbo do sonho...no fundo da madrugada
Sou a poeta proscrita...útero da palavra...um verso indefinido

Eu...não sou eu...sou a alucinação dos meus loucos pensamentos
Sou o tempo gasto...uma viagem sem regresso...infinita despedida
Tão longe de mim num corpo que se fez pó...vestido de lamentos
Fustigada pelo vento...amordaçada pela noite...sufocada pela vida

Eu...não sou eu...sou a ilusão por saciar...sou a sede do deserto
Sou a fonte a jorrar poemas...um corpo vazio em combustão
Sou o tudo e nada...o tempo e a pausa...longe do céu e tão perto
Imersa no silêncio da noite...envolta em serena e triste solidão

RosaSolidão



sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Como te dizer...


Como te dizer...que hoje voltaram a correr lágrimas no meu rosto...porque hoje...voltei a lembrar-me de ti...e o céu azul escureceu...os meus olhos ficaram manchados de sal...as palavras...essas meu amor...estão marcadas pela saudade e permanecerão para sempre dentro de mim...fechadas nas minhas mãos vazias...junto com os meus sonhos...neste vazio imenso...nesta solidão que nos uniu...na distância que nos afastou...neste rio que corre triste no meu peito...no tempo que se esgota...e passa roubando-me todos os sonhos...
Como te dizer que neste amor me encontrei e me perdi...que amei a tua sombra...na paisagem escura do meu desassossego...na noite que me envolve e que é a cinza de todos os dias.
Como te dizer que apenas queria um pedacinho de céu...a luz de uma estrela...apenas uma doce despedida da claridade...aquela com que alumiaste por momentos a minha escuridão...essa que nos uniu e que permanecerá para sempre.
Como te dizer que as tuas palavras, eram a volúpia das minhas emoções...tatuadas a fogo no meu corpo...que os poemas que escorriam dos nossos dedos...eram a melodia que alimentava a nossa alma...eram a nudez que incendiava a noite...mistérios de sombra e luz...acordes perfumados de sonhos inconscientes...lirios brancos que se vestiram de solidão.
Como te dizer meu amor...que estás tatuado em mim...que a tua sombra é a minha sombra...que a minha dor é eterna...que a obscuridade do meu corpo é o teu respirar...que tu és o momento e eu o instante do meu vazio...que eu sou a ausência e tu o silêncio...que eu sou o sonho e tu a noite que me devasta e me rouba ao tempo...o fogo que me queima a alma...o mar que me escorre dos olhos.
Como te dizer que se te esquecer...me esqueço...que o meu corpo dorme exausto no chão...que dentro de mim te guardo...no silêncio das minhas mãos...no espelho estilhaçado do meu olhar...na lágrima que escorre da minha solidão...como te dizer que foste o meu sonho amargo e suave...que a ausência das tuas mãos é o silêncio com que te escrevo...a saudade onde te guardo...a escuridão onde te abraço...que o meu futuro é apenas um encontro com o frio das madrugadas de denso nevoeiro...que todo o meu passado foi uma sombra do que sonhei...uma verdade que não imaginei...um futuro que é vazio...um encontro com a noite de todas as noites...como te dizer meu amor...que morri.


Morri meu amor...morri em ti...tão cansada de mim
Fechei as portas aos sonhos...tirei a esperança à vida
Fiquei tão só...tão perdida meu amor...perdida de ti
Fui um instante...foste um momento...uma ferida

Fui gaivota por te saber ausente...procurei-te no mar
Seja eu a eterna quimera...seja eu o amanhecer da terra
Por te saber presente...parti de mim...mas desejei ficar
Fui um sonho...onda ou maresia...fui em ti flor singela

No cansaço dos dias...talvez te espere ainda meu amor
Antes de adormecer...talvez te procure...no anoitecer
Na minha solidão...talvez te procure no sorriso da dor
Talvez te espere ainda...num doce e suave amanhecer

Se ouvires o silêncio...sou eu meu amor a chamar-te
Se sentires no teu corpo calor...é o meu que te quer
Se sentires os teus olhos chorarem...sou eu a olhar-te
Se ouvires um lamento...são os meus braços de mulher



sábado, 6 de agosto de 2011

Queria escrever um poema de amor....



Queria escrever um poema...com a claridade da madrugada
Com as cores das rosas...queria um último poema de amor
Que fosse terno e eterno...com o doce aroma da terra molhada
Queria escrever um poema...que fosse o esquecimento da dor

Queria escrever um poema...sensual e triste como a noite
Voluptuoso e libertino... que falasse da solidão dos corpos
Das ilusões da vida...do vazio abismo...da sombra da morte
Queria escrever um poema... de sonhos...de sonhos loucos

Queria escrever um poema...que falasse dos olhares sombrios
Das mágoas...das angústias...dos espinhos...das rosas feridas
Dos poetas tristes...das madrugadas vazias...dos rostos frios
Queria escrever um poema...de palavras de amor sentidas

Queria escrever um poema...que falasse da chuva e do vento
Das tempestades...do inferno...do fogo da carne...do mar imenso
Dos nós cegos do destino...da escuridão das trevas...do tempo
Queria escrever um poema...sem lágrimas...infinito e intenso

Queria escrever um poema...que falasse da pele que cobre a alma
Do vazio dos braços...da nudez que cobre o desejo...da ternura
Das nuvens negras que cobrem o céu...do luar frio...da noite calma
Queria escrever um poema...que fosse o clímax da minha loucura

Queria escrever um poema...despido de memórias...vestido de vida
Do remanso das águas...do amor e dor...das mãos cheias de nada
Das casas desabitadas...dos medos...dos segredos...da flor perdida
Queria tanto escrever um poema...que vestisse de luz a madrugada

RosaSolidão

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Quem me tira esta dor...


Quem me tira esta dor...este mar que escorre do meu olhar
Quem tira do meu corpo esta lágrima...esta eterna amargura
Quem me ensina o caminho do céu...quem me ilumina o luar
Quem tira do meu rosto a noite...quem me leva esta loucura

Quem está dentro de mim...quem habita o meu corpo
De quem é a voz que me chama...que murmura e emudece
De quem são os passos...ecoando em mim um grito rouco
De quem é o rosto...que me olha...me acaricia e esquece

De quem é este nome que ouço...esta dor que me rasga
De quem é esta sombra...que na noite me visita me fere
De quem é este sangue que escorre dos dedos como lava
Quem é que mora em mim...que eu quero e não me quer

De quem fujo não sei...talvez da sombra...de mim ou da morte
E este frio que me persegue...e esta noite que em mim nasceu
E este sonho...este mar de ilusão...este ser e não ser sem norte
E este véu de eterna solidão...que no meu corpo se prendeu

Quem toca a minha pele e não a sente...quem esquece o tempo
Quem olha o meu retrato...entre a luz e a sombra...e não o vê
Quem toca as minhas mãos...e não sente a dor do meu lamento
E esta tempestade no meu peito...que me rasga como o vento

De quem são as lágrimas que me inundam...me levam a luz
Quem me sepultou a esperança...quem me rasgou o peito
Quem lavrou no meu corpo esta ausência e deixou esta cruz
De quem é esta sombra negra...que se deita no meu leito

RosaSolidão