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quarta-feira, 25 de julho de 2012

Perfuma os sonhos de incenso...


Sonha menina-mulher...chora a tristeza mulher madura
Esquece os devaneios...prende os anseios e bebe o pranto
No escuro abismo do olhar...no pétreo lago do teu sorriso
Vagueia sem ti mulher perdida...envolta em negro manto

Devora a carne que te cobre a alma...faz amor com a solidão
Despoja da ilusão esse corpo exausto de ternura envelhecida
Despe de ti mulher sem norte...o vestido vermelho da paixão
Envolve esse corpo noite nos lençóis amarfanhados da vida

No teu corpo de Outono desvanece a ilusão e amordaça o desejo
Nesse jardim de rosas negras...retábulo frio e efémero do amor
Num sorriso amargurado...inventa na tua boca o sabor dum beijo
Atira-te ao abismo mulher perdida e perde-te nas vielas da dor

Despe o cio do teu olhar ausente...das mãos vazias o desalento
Dos cabelos desprende os laços...na noite fria desfolha as rosas
Perfuma de lírios e incenso...esse cansado corpo de amor sedento
Envolve os teus murmúrios de amor em negras sedas vaporosas

Entrega-te à terra mulher ausente...esquece o teu rosto de criança
Rasga o teu ventre...amordaça os gestos no regaço frio do amor
Estilhaça as palavras que dormem no chão...queima a esperança
Embala a noite imensa que em ti e por ti chora nos braços da dor

Desenha-te estrela cadente...inventa-te nuvem na imensidão
Amordaça no corpo pedaços de sonhos que foram claridade
No umbral da noite adormece os desejos e sufoca a solidão
No leito vazio do amor desenha o orgasmo de uma saudade

terça-feira, 17 de julho de 2012

Vem ouvir o silêncio...meu amor


Vem ouvir o silêncio meu amor...envolto neste frio Outono
No entardecer da ilusão...deixa-me sentir o perfume do amor
Pousa as tuas mãos no meu corpo e o teu nome no meu sonho
Escreve com letras de ouro a solidão...murmura-as com ardor

Vem ouvir o silêncio meu amor...neste mar que em mim corre
No meu corpo ido...meu sonho perdido de onde volto sem mim
Envolta no meu vestido de amante...chamo a noite que não morre
Chamo a vida e chamo a morte...nesta escuridão onde me perdi

Vem ouvir o silêncio meu amor...deste corpo noite a entardecer
Que te chama com ternura...neste leito que amanhece tão vazio
Nesta escuridão que se quer luz..nas obscuras teias do meu ser
Vem meu amor repousar sobre o meu corpo o teu olhar tão frio

Vem ouvir o silêncio meu amor...escrito na ternura do meu olhar
Nestas mãos de vida tão vazias...no sangue com que me escrevo
Na sombra negra da ausência...onde vive uma rosa amortalhada
Nesta solidão onde anoiteço...nos espinhos onde me aconchego

Vem ouvir o silêncio meu amor...no mar que são os meus olhos
No deserto suspenso nos gestos...nesta solidão onde amanheço
Nas demoras presas nas mãos...no caminho coberto de escolhos
Onde repousam os meus sonhos...cinzas frias onde me aqueço

Vem ouvir o silêncio meu amor...na sombra que vive em mim
Nas margens do meu corpo...vem meu amor amainar o tempo
Esculpir no meu rosto um sorriso...esse que há muito eu perdi
Por dentro dos espelhos...sente o amor no eco do meu lamento

Vem ouvir o silêncio meu amor...no lado errante de mim
Estende-me as mãos e expulsa do meu corpo a noite escura
Espalha sobre mim o luar...guia-me neste labirinto sem fim
Transforma em pétalas de rosas a minha estranha loucura

terça-feira, 10 de julho de 2012

A noite...é uma morte adiada


A noite é uma morte adiada...uma longa prece por dentro do meu corpo...um beijo de fantasma na minha boca...um rio no mar dos meus olhos...a erosão de mais um dia...um resumo de horas mortas sem gestos e sem mim...um manto de escuridão nas paredes frias onde repousam todos os sonhos de amor...um silêncio adormecido nos braços do cansaço.

A noite é uma lágrima a escorrer das mãos vazias...um abraço de nudez por entre os ciprestes presos no meu corpo...infinitas deambulações entre o sono e o sonho...a negridão de uma rosa numa janela com grades...num leito obscuro sem gestos...uma carícia de vento a poisar nos meus olhos...um suspiro de mar...as cinzas do amor num poema de solidão que o tempo guardou...um murmúrio silencioso a roçar a minha pele...um céu vestido de cinza...os dedos da escuridão a tatuar na alma a ausência...página em branco de todos os anseios...de todas as lembranças perdidas.

A noite é um trago que não se bebeu...um sorriso que ficou na taça...um poema na ausência dos lábios...uma rosa que não se tocou...um corpo que não se desnudou...uma gaivota num cais deserto...as mãos esquecidas num corpo que não se sentiu...a saliva do amor que não se fez...o desencontro dos sonhos inventados...os medos presos nos dedos...os anseios soltos nas mãos...a sensualidade dum olhar que escureceu...um orgasmo de lençóis vazios.

A noite é o leito do poeta...os remendos da alma...palavras rasgadas...um afago quase grito...uma rua sem fim...quase abismo...quase sangue a escorrer das mãos vazias...quase nada...cama desfeita num corpo abandonado...caminho escuro dos sonhos despidos de vida.

Na noite...morre-me o silêncio no corpo...dói-me o desejo na pele...morrem-me os sonhos nas mãos vazias...prende-se a insónia na sombra das madrugadas...suspensas nas asas frias do silêncio...na sombra negra da morte...pairando no vazio da vida...esperando...apenas esperando.
Na noite apenas escuridão...o vazio da tua boca e o silêncio dos meus braços...a nostalgia do meu corpo...a memória onde me deito...vazia de mim.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Pudesse eu...encontrar-me perdida


Pudesse eu encontrar-me  na escuridão da noite perdida
Onde emudecem todos os sonhos...nesse céu tão distante
Onde voo sem ter asas...longe de mim...da vida esquecida
Na distância dos teus lábios que pudesse ter num instante

Pudesse meu triste olhar desfazer o nevoeiro que o cegou
Os meus passos encontrarem o caminho dos teus passos
Nas minhas mãos prender o momento que o tempo calou
Pudesse eu envolver o meu cansado corpo nos teus braços

Pudesse eu ser chegada e não este sol poente a entardecer
Inventar-me e inventar-te na solidão que me cobre o corpo
Na mudez dos gestos...pudesse eu meu amor em ti anoitecer
Pudesse eu morrer para renascer das cinzas que foram fogo

Pudesse eu deitar-me sobre o silêncio e os sonhos adormecer
Prender nas mãos o poente...ser da noite um eterno momento
Tatuar na minha pele o amor...pudesse eu a solidão esquecer
Nas noites em que te sonhei...nos sorrisos que perdi no tempo

Pudesse eu fazer brilhar estrelas na noite e sorrisos no meu rosto
Na ausência do teu corpo...pudesse meu amor fazer-me alvorada
Percorrer os caminhos sem sombras...despir do olhar o sol posto
Pudesse fazer brilhar a lua nos meus olhos e inventar a madrugada

Pudessem as minhas frágeis asas romper espaços...no céu voar
Fazer amor como se fosse a primeira vez...nos lençóis da ilusão
Murmurar o teu nome docemente...voltar novamente a sonhar
Na sombra da lua caminhar...prender na minha mão a tua mão